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A espera do tratamento em nossas mãos

A espera do tratamento em nossas mãos

artigo1“Com o controle comparável do tumor de mama, custos mais baixos e morbidade reduzida, o hipofracionamento deve ser fortemente considerado para a maioria das pacientes com doença em estágio inicial.” Shyam K. Tanguturi.

Mulheres com tumor inicial de mama, devem ser tratadas com radioterapia após a cirurgia conservadora, e embora a Sociedade Americana de Radio-Oncologia (ASTRO) recomende hipofracionamento (doses maiores em menos dias de tratamento) para mulheres com 50 anos ou mais, sua adoção tem sido lenta pelos serviços de radioterapia.
A cada dia acumula-se evidência de que a radioterapia hipofracionada em mama é equivalente ao fracionamento convencional. Nessa modalidade de tratamento, as mulheres parecem ter efeitos colaterais semelhantes além de realizarem a radioterapia em quase metade do tempo.
A medida tem impacto enorme em um país continental como o Brasil devido a problemas de mobilidade dos pacientes para centros especializados, o custo financeiro para este transporte, e mais importante, a rotatividade de pacientes recebendo radioterapia, pois hoje alguns serviços podem chegar a ter filas com meses de espera.
Como já é sabido, dois estudos, um do Reino Unido e outro do Canadá, mostraram que o fracionamento convencional e hipofracionamento apresentam semelhantes taxas de controle da doença e sobrevida global em 10 anos. Somam-se a esses estudos outros dois, publicados no JAMA em 6 de agosto, que mostraram que o hipofracionamento está associado com menos toxicidade e proporciona às mulheres uma melhor qualidade de vida.
Em um desses estudos, realizado pelo Centro Americano MD Anderson, mulheres que receberam radioterapia em regime de hipofracionamento apresentaram menor toxicidade. O estudo foi realizado em 287 mulheres com mais de 40 anos de idade e estágio inicial de câncer de mama, que foram distribuídas aleatoriamente para receber radioterapia em 16 frações (138 pacientes) ou receber Fracionamento Convencional em 25 frações (149 pacientes). A taxa de toxicidade foi significativamente menor para as mulheres que receberam menos aplicações (47% contra 78%). Fadiga, prurido, dor mamária, e alterações de pele também foram significativamente menores no grupo.
No outro estudo, Dr Jagsi e colegas, analisaram dados de 2.309 mulheres com câncer de mama, que receberam radioterapia após quadrantectomia. A análise incluiu 578 mulheres que receberam hipofracionamento, e 1731 que receberam fracionamento convencional. As mulheres que estavam no grupo que recebeu curso rápido de radioterapia sentiram menos dor mamária (5,9% contra 20,0%), alterações de pele (27,4% contra 62,6%), e dor torácica (6,8% contra 18,5%).
Hoje o esquema de hipofracionamento em tumores de mama iniciais já é usado rotineiramente em muitos países como Canadá e Holanda, devido aos seus menores custos e otimização do tratamento, além de reais benefícios aos pacientes. Espera-se que com o acúmulo dos estudos na área e seus respectivos resultados favoráveis a este regime, seja também uma breve realidade na maioria dos serviços de radioterapia no Brasil.

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